A casa do Avô ficava longe daqui, no sumiço da tanta distância. Muito para além do pinhal do Mudo e do poço do Grilo, muito perto ainda onde a gente morava. A casa do Avô era ainda muito para além do valado do Mole e da silveira grande junto ao caminho. Depois, a gente passava na resteva da Maria Grila e na do Perdigão, bem antes ainda de atravessarmos o Pinhal Alto. Eu espremia os olhos por aí adiante e a casa não se avistava ainda. Mas podia reparar na casa de Manuel Manco, de um lado, e na vinha do Avô, do outro, a vinha do Nocreto encostada ao poisio do Calabarto.
Lembro-me ainda bem de ir ao colo da mãe, ou às cavalitas do pai, quando eles iam a casa do Avô, fazer não sei o quê, que era sempre ao fechar da noite, isso recordo eu muito bem. Penso, e não me engano, que era quando a avó cozia a broa. Calhava ser nesse dia. Mas era sempre muito longe o caminho a fazer, que era por carreiros de terra batida, por tão muito pisados por miles de pés, que seguiam sempre encostados às valas de enxugo.
Idalécio Cação
(in O Sítio da Casa do Avô)
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